sábado, 31 de julho de 2010

Para um filho...

Saudade, o que é essa palavra com tanto significado e sem tradução. Enquanto o mundo fala da falta que sente de algo ou alguém, o idioma português consegue simplificar em uma só palavra. Esse sentimento doído, por vezes gostoso de sentir, é tão intenso quanto difícil de definir. Com o tempo, vários lenços de papel, lágrimas e desânimo conseguimos aprender a lidar com ele.

Apesar da enorme falta que me faz a minha família , meus amigos , meus queridos da terrinha, consegui, a muito custo, lidar com a falta do toque, do cheiro, do ombro. O primeiro ano foi terrível, bate aquela depressão que sempre decifrei por " frescurite aguda". Foram algumas pessoas que passaram na minha vida ao longo destes três anos fora de casa, uns ficaram ou outros apenas passaram. Mas, certamente foi através destas pessoas que pude compreender e me adaptar a viver sem a presença física dos que me são caros e únicos.

Em um grupo compacto, mas "precioso", eu ganhei dois filhos (já criados). Sempre ouvir mainha dizer para mim: "crio filhos para mundo, não para mim", eu acredito fortemente nesta máxima e pretendo aplicá-la. No entanto, quando foi minha hora de bater asas foi dolorido especialmente para ela. Estranho, ainda não sou mãe e nem adquiri o sentimento da maternidade (pelo menos para bebês agora), mas meus amigos sempre me definiram como maternal.

Essa semana descobri que um desses filhos que Lisboa me deu está preparando voo . Todos nós sabíamos que era temporária nossa convivência carnal, que aconteceria brevemente,mas é doloroso vê-la concretizar-se. É um mix de sentimentos difícil de descrever, tristeza pelo egóismo embuido que todos temos da necessidade da presença. Felicidade por vê-lo feliz ao bater asas para novos e pitorescos horizontes. Conhecer um pouco do mundo têm sido umas das experiências mais inriquecedoras que tenho obtido nos últimos tempos. E como boa mãe, devo desejar o mesmo para os meus filhos (;))

A palavra "perder" é forte, mas certamente que a minha vida em Lisboa perderá uma boa dose de brilho,piada, diversão e companheirismo. Entretanto, sinto-me grata e feliz por ter tido a oportunidade de conviver, chorar e rir junto (rir bem mais , com certeza). Orgulhosa de ser sua amiga e ter dividido momentos especiais e únicos. Sei que um pouco dele ficará em nossas vidas sempre. O que me resta desejar é que ele encontre em outros pousos felicidade e que espalhe ainda mais a sua energia contagiante e poética. E ter a certeza de que muitos reencontros virão...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dublin - O tesouro dos Leprechaun

Este fim de semana fui conhecer Dublin. A capital irlandesa é berço, para mim, da maior banda de todos os tempos, o U2. Fui consciente de que iria respirar aqueles ares, conhecer uma bela cidade, mas que não ia ver muito do U2 por lá. Uma amiga querida , também fãzona do U2, foi tempos atrás e se decepcionou um pouco neste aspecto. Bem, chegamos a Dublin bem cedinho, 8 da matina, o aeroporto é super central e a pouco mais de meia hora do centro.

Primeiro contato com os Dubliners na imigração, meu Deus, quanta gentileza e educação. Peguei as informações no ponto turístico e partimos para o hostel. O nosso hostel foi o Litton Lane, super no centro, simples, mas com um pessoal muito simpático e prestativo. Deixamos as malas no hostel, fui a uma sala especial onde se guardavam as bagagens e deparei-me com o inesperado. O hostel é todo rock in roll, mas tem em cada andar uma banda ou artista irlandês como elemento principal. O meu foi o terceiro andar...quem é? quem é? quem é? U2!!! Foi lindo, me arrepiei. Partimos então para a primeira dica que recebemos a respeito de Dublin, o Free Walk Tour.

Antes do passeio uma parada num café para "encher o bucho", fazia um solzinho gostoso em Dublin, o primeiro passao ouço no fundo "The heart is a bloom, shoots up through the stony ground...It's beaultiful day...". Sim, primeiro lugar que eu entro U2 tocando, e detalhe era uma rádio!Fomos para o Free Walk e decidimos fazê-lo em espanhol, nos deparamos com uma espanholinha muito divertida e simpática, a Belen. Aprendemos muito sobre a história de Dublin e conhecemos peculiaridades fantásticas. Conversa vai, conversa vem ela é uma Big Fã também. Chegamos ao Ponto Alto da excursão, detalhe eu não sabia que teríamos isso no tour, no Temple Bar o muro onde o MacGuiness descobriu a banda e na frente o Hotel de Bono....Delírio total! Como fã é estúpida, mas vamo-que-vamo. O tour foi massa por que fomos a todos os pontos turísticos obrigatórios e depois voltamos aos que n~so se podiam entrar com o tour.

Depois da tour, voltamos ao hotel para descansar,afinal acordamos no dia anterior às 3 da matina para pegar o vôo. A noite fizemos o nosso Pub Crawl individual, partimos por alguns Pubs , o dani nas Pints e eu com a minha nova deliciosa descoberta, "irish cidra", a Bulmers. Escutamos música típica irlandesa, beatles, etc. O Temple Bar é uma região de bares, para os lisboetas, tipo Bairro Alto, para o Recifenses, o Recife Antigo. Mas muuuuuito melhor, música por todo lado. Os irlandeses são um povo acolhedor, agradável e divertidíssimo. Em certos aspectos parecem com o brasileiro, ganham dinheiro com todo tipo de coisa no turismo, adoram uma boa farra e de brincar com as pessoas. Sério, nunca fui tão bem recebida é um país desconhecido como a Irlanda.

No dia seguinte, compramos uma excursão com a Over the top tours. Chegamos ao ponto de encontro havia um senhor muito simpático o Eduardo, que preferia ser chamado de Ed. Fomos para Winclow ,é como uma parte interiorana, muito usada como locação de filmes em Dublin. O patriota e o lindo P.S I love you foi filmado lá. O Ed, ao longo da viagem se tornou ainda mais "fegura". Tirava piada com todos, já viajou muito e conhecia muita coisa de mundo. Na trip haviam duas suíças que logo se tornaram nossa amigas , Nadine e Patrizia. Um espanhol do País Basco, Gonçalo. Além de de mais três madrileños, uma mexicana, um casal canadense e uma americana. Rimos muito com as piadas do Ed e nos apaixonamos pela paisagem.

Não sabia o que me esperava nesta trip. O Ed nos falou que iria fazer um percurso diferente pela costa de Dublin, que era mais bonito, mas um pouco mais longo. Pudemos ver o mar em Dublin e como se nada fosse o Ed vira-se e fala : "Este castelo aqui é a casa da Enia e logo a frente podemos ver também a casa do BONO!", eu disse sem querer do Bono????????? Juro comecei a tremer, que mulher tapada né! Mas, não conseguia parar de tremer. O Ed, super querido, diz podemos parar para tirar fotos uns minutos. Logo virei atração, a Nadine e Patrizia , começaram a me aperriar. E o Ed descobriu a minha tatoo em homenagem a banda e começou a mostrar a todos. Fui tão sem expectativa de ver aspectos ligados aos meus amores, mas parecia que eles me perseguiam.

O dia foi fantástico, no meio da trip o Ed parou e no carro haviam típicos cookies irlandeses com chá e café, a vista era de cinema. Só o tempo em Dublin não é lá muito favorável , mesmo no verão, é constantemente nublado e de vez em quando chove. Ao conviver um pouco de perto com esse povo pensei, dizem os lisboetas que o povo é mais fechado e frio no inverno por causa do clima. Mas, como podem os irlandeses serem tão amáveis e receptíveis tendo inverno o ano todo? Voltamos do passeio apenas no fim da tarde com o U2 tocando na rádio, inesquecível.

Fomos a noite para o Temple Bar, a qualquer hora tem vários artistas de rua tocando por lá, assim como os new fab four faziam. A cidade é musical, animada, repleta de gente bonita e bem humorada. Encontramos por lá a Nadine e a Patrizia, e fomos para o Pub mais animado, eleito no dia anterior em nosso Personal Pub Crawl o Aulds Dubliner, gente para caramba. Logo que chegamos ao bar para pedir um irlandês muito engraçado e simpático, começa a puxar assunto com a Patrizia e depois com todas nós. Ele tinha um grupo de amigos muito engraçados. A noite foi animada, dançamos, bebemos e brincamos uns com os outros. Meu Deus, o meu poetinha camarada vai ficar louco nessa cidade de gente bonita, feliz e paqueradoura. As pessoas dançam umas com as outras sem se conhecer, fazem brincadeiras, simplesmente fantástico.

O meu último dia em Dublin, depois de ser perseguida pelos meus amados, decidi correr atrás deles. Fui a Windmill Lane, sim o primeiro estúdio onde foi gravado os primeiros albúns. O estúdio já não se encontra mais lá, existe apenas um prédio assinalado por uma placa em forma de disco de vinil, essa placa pode-se ver em toda a cidade nos pontos onde os famosos da irlanda começaram as carreiras. E muitas pichações em tributo a banda. Na minha saga, fui ver o Docker's primeiro pub onde o U2 tocou, tam bém lá não existe mais nada e agora tem um tampão de madeira, mas a emoção foi indescritível. Fui a Loja que deu o nome artístico ao Bono , Bona Vox.

No fim da trip , encontramos uma amiga de colégio do Dani que mora em Dublin a 9 meses. Na conversa descobri que inclusive o estrangeiros moradores de lá são super bem tratados. Que a simpatia desse povo fantástico não é coisa para turista, está irraizado neles. Na volta no aeroporto, pasmem, a polícia de imigração na saída " Hello, how are you?" com um enorme sorriso. A policial na revista das malas, olha para mim, elogia meu guarda-chuva de ovelhinhas e diz " Que lindo, você pagou caro? Quanto foi? ( parecia conversa de salão). Eu disse paguei 6 euros e ela "ahhh, então pagou bem, que bom!" com um enorme sorriso. E percebi finalmente que a lenda da busca dos leprechaum ( duendes) pelo tesouro no fim do arco-íris é legítima, o tesouro irlandês além do U2 é o seu povo charmoso e acolhedor.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Friendship

Londres está fervendo no sentido literal. Está um super calor, mas o sol fica sempre escondido.Essa semana pude me sentir uma londrina nata. Já estava sentindo falta do ginásio e fui fazer o que todo londrino faz, usar a cidade como desporto. Entre bicicletas, carrinhos de bebê e skaters , estava eu correndo no parque. Todo bairro de Londres tem parque e o meu fica a duas quadras de casa.

Crianças correndo em uma liberdade que a muito não via. Continuo a me impressionar com a doçura e educação londrina. Ao correr passei por várias pessoas também correndo com os seus ipods e aparelhos sonoros, com raríssimas excepções todas e todos cumprimentavam-se quase que como ritual,nem que seja com um ligeiro sorriso. Vi esse tipo de tradição em Marrocos quando os carros avisavam uns aos outros que havia blitz logo a frente como um corte de luz.

Ontem conheci melhor os meus outros flatmaters, o Fred, é um rapaz franzino e braquinho, super tímido e reservado. A casa é de estudantes, e desta forma é sempre uma bagunça. Como sou nova na casa, não quis mexer nas coisas sem perguntar. Perguntei ao Fred se poderia fazer uma limpeza na cozinha. Isso bastou para começarmos uma conversa muito agradável. Falei para ele que o inglês britânico era difícil para mim de entender. Ele começou a falar devagar e incrivelmente me contou sua vida em 5 minutos! Mas... espera , e aquele estória que o londrino é fechado e super reservado... "bullshit"! O Fred é do Sul de Londres, trabalha aqui e é formado em relações publicas. Fala um pouco de latim e por isso entende um pouco português. Morou nas ilhas gregas.

Logo depois, para animar a conversa chegou o Ryan, um escôces engraçadíssimo, que tem um olho azul e o outro castanho. Ele está no quarto do Craig, da qual já falei antes. O Ryan veio passar o verão em Londres como eu. E da mesma forma, entende pouco os inglês dos britânicos. Depois de uma conversa animada, terminei a faxina e fui dormir feliz de conhecê-los melhor. Hoje cheguei do curso e fui jantar o Ryan estava na sala assistindo " Sex in the City". Ele entende todos os altos e baixos da Carrie, adorei, tricotamos bastante sobre o Big e o Aiden. Lembrei logo da minha noite da lulu com a minha querida jujuca, a frenéticamente única Sofi e a louquinha da Vânia. E claro, vêm logo na cabeça a música parodiada da "Margem Sul - State of Mind" e do Gu requebrando geral.

Nessas horas, só tenho que agradecer por toda a oportunidade que a vida e Deus me dão, de conhecer e poder conviver com pessoas maravilhosas como estas. Para chegar aqui a luta foi grande, mas o esforço está diariamente sendo recompensado. Apesar da saudade da família e dos meus amigos da terrinha, fica a sensação de que cada dia a minha família de mundo só aumenta, como diria o grande Nando Reis " ..a minha família já é muito maior, e muito melhor..."

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Tico e Teco by London


No segundo dia nesta agitada metrópole fui conhecer meu curso de inglês, nos perdemos um pouco mas, acabamos por encontrar. O lugar é simples e simpático, fica pertinho de busão. E claro, não é um ônibus qualquer, é aquele famoso "red double". Após resolver as burocracias da nossa vida londrina, decidimos conhecer o Hyde Park. Sim, não deu para o conhecer da outra vez. Há dois anos atrás conheci o Regent Park e uma figurinha simpática que timidamente me pedia comida, o esquilo.

Me imaginei participando de um dos meus desenhos favoritos quando era um pitoco, tico e teco. Aquela criatura fofinha pegou com as suas mãozinhas pequeninas a comida e levou a correr para comer perto de uma árvore. A experiência foi fantástica e fiquei inebriada durante o resto da minha estadia na terra dos apreciadores de Pubs. Ontem, sentei timidamente logo no inicio do Hyde Park. Muita gente correndo, sorrindo, fotografando. Eis, que de repente surge uma bola felpuda e colocas as mãozinhas em cima da nossa mochila.Sim, ele era mais afoito e "inxirido", no bom pernambucanês, que o outro. Ele ficou comendo ao nosso lado durante uns bons 15 minutos. Terminava e ia buscar mais. No entanto, foi aglomerando aquela espécie de turista chato. Um inclusive , disse que eu estava fazendo sombra para a foto, e a outra oriental deu um grito quando ele aceitou do seu biscoito.

Claro a criaturinha fugiu, mas o que mais me surpreende nesta cidade é que tudo é um tanto inesperado e mágico. Aqueles pequenos bichinhos que no meu imaginário infantil eram magia, interagindo ao vivo e a cores, no meio de uma cidade frenética. Dali de onde nos relacionamos dava para ver e ouvir os carros passando.Mas, ele agia com uma naturalidade fantástica. Uma questão ficou na nossa cabeça, a Disney tirou dessa espontaneidade realística as aventuras e características destes personagens tão queridos da minha infância. Mais uma faceta de Londres que vale a pena viver!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Desbravando Londres

Novamente mudanças, como já comentei em um post anterior, nestes últimos três anos são muitas. Sempre fui inquieta e tive sonhos de desbravar o mundo. Eis que encontrei um parceiro a altura e a nossa vida europeia tem sida uma roda viva. Londres tem sabor de promessa cumprida. Estive aqui cerca de dois anos atrás e prometi que voltaria a esta frenética e fantástica capital do mundo. Engraçado, nossa primeira vitória. Eu e o dani, passamos por momentos de privações e apertos.E Londres foi o nosso primeiro suspiro de alívio, a primeira viagem de muitas. O mais cômico, é que novamente a nossa vinda para cá é resultado de outra vitória.

Chegamos a terra da rainha encantados, mas um pouco irrequietos com a tal frieza britânica.Tudo conversa da corochinha! O londrino é educado, prestativo e sim , simpático. Claro, estou falando da minha experiência turística. No entanto, neste primeiro dia, fui comprar o passe dos transportes, adaptadores, novo celular, fazer o pagamento do quarto no banco,pegar ônibus e mais ônibus. E todos, muito educados e prestativos...e ainda sorridentes. Perdoem-me os Lisboetas, mas como senti falta desse calor humano nestes últimos tempos.

Conheci um dos nossos flatmates, o Craig, que doçura esse moço (como diria minha jujuca). Super preocupado em nos fazer sentir em casa. Ele é inglês, mas não é londrino, trabalha na TV local. Os demais são todos estudantes de medicina. A nossa casa é fantástica, sala, cozinha e o melhor um super quintal com direito a churrasqueira, que mais uma canarinha poderia querer.Ah...já sei, o sol!! Parece outono, chove, para, faz vento, faz calor. Mas quero lá saber, viver a diferença é fantástico.

Ao entrar em uma loja para comprar uma adaptador fui confundida com uma indiana. Quem conhece o dani, já sabe que ele é a cara dos apreciadores de Curry. Mas, foi engraçado por que foi comigo. Ao invés de perguntar de onde era, me perguntou enfático: " de onde és na Índia??", ri e respondi que era brasileira, ele abriu seus olhos grandes, sorriu e completou:"Pareces do Norte da ìndia".

Passeando pelas ruas da Oxford Street, apesar do sol não aparecer, a larga avenida tem cara de verão. Todos vestem o que querem , as meninas e os meninos paqueram. Que diria meu filhote lisboeta, vai amar este clima predisposto das britânicas. Rostos bonitos e tão distintos, a imigração é forte aqui, mas não percebi resquícios do preconceito por raças. Claro, já conversei com amigos que tem que trabalhar por aqui e a realidade muda de figura. Mas, não se denota a xenofobia, aspectos por nacionalidades e sim por ser estrangeiro. Mas, isso é prosa para outra hora. Pretendo desbravar cada pedacinho desta rica e fantástica cidade enquanto estiver por aqui.London baby, are you read??? Câmbio, desligo!