quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O avesso, do avesso, do avesso, do avesso

Minha vida tem sido mesmo um oceano de mudanças. Comentei em posts anteriores sobre a mudança do Brasil para o Portugal e da vinda para a Inglaterra. Nos próximos dias me despeço da terra da rainha, no entanto, indubitavelmente com a sensação de que poderia certamente viver aqui para o resto da vida. Foram quase três meses de celebração a diferença, com um orgulho reaceso de ser brasileira. Eis um povo que respeita e admira a cultura dos outros povos. Que gosta de conhecer. Há alguns dias contamos com a presença da Kate, uma nova flatmater super alto astral. Ela é londrina, super fashion, se especializou em marketing para moda. Adoro conversar "potoca" com ela,damos boas risadas. Esses dias ela colocou no facebook uma foto segurando a bandeira do Brasil. Uma pura homenagem e demonstração de carinho sutil, super típica dos ingleses.

Foram meses sem o preconceito fortemente sentido muitas vezes em Portugal. Confesso que a vida de bolsista me faz conviver cada vez menos com isso, mas mesmo assim lidamos diariamente com o mal humor e a grosseria. Aqui da senhora da limpeza aos professores, aqueles chiquetérrimos autores dos livros que lemos, são de uma simpatia e educação fenomenais. E gente, sem estereótipos e generalizações, tenho convivido também com portugueses fantásticos. E neste caso, não poderia deixar de citar minha freneticamente única, Sofia. Mas bom humor, na maior parte das vezes, não é o forte do Lisboeta.

Não me entendam mal, não que não goste de Lisboa, mas não seria um lugar para fincar bandeira definitivamente. Lisboa sempre será uma grata e boa lembrança do meu crescimento pessoal e profissional. A terra onde fiz muitos amigos que meu coração nunca esquecerá. Por que não, a terra que me proporcionou oportunidades também. E quero aproveitar cada minuto da melhor forma na terra de Cabral. Volto de coração muito feliz , mas saudosista. Aqui conheci também muita gente interessante e apaixonante. Não posso deixar de citar a Isabelle, uma francesa quase londrina. Super " trendy" e carinhosa, essa francesinha de riso fácil, apaixonada por bolos e coração de ouro nos mostrou a Londres que turista não vê sou muito grata por ter sua amizade.

Mas, Lisboa é a minha casa por enquanto, é onde está a minha família de coração, os amigos que posso contar. Meu"AP" na Bempostinha, que se tornou o quartel general dessa família fantástica de irmãos que formamos por lá. Volto com o coração cheio de recordações, de novas experiências e a espera das novas aventuras. Depois de me virar do avesso tantas vezes é que percebo que deixei de ser apenas uma Pernambucana (com muito orgulho) no mundo, para ser uma cidadã "do" mundo.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Uma colcha de retalho cultural


Para qualquer canarinho ter a experiência europeia é fantástico. Quando saímos do conforto da nossa culturas, vemos como às vezes estamos inseridos em nossas bolhas pessoais.No entanto, a experiência dos que possuem , o que posso chamar espírito de mochileiro, que prezam pela imersão na cultura local é ainda mais inebriante. Acredito que faço parte dessa categoria. Quando fui para Portugal estudar não sabia tamanho o choque e a similaridade de culturas poderia encontrar. E foi grande, muitos africanos de vários países, indianos, chineses, uncranianos, russos e claro, brasileiros. Portugal já é um grande mix de culturas interessante.

Mas, acredito que nada no mundo se compara a Londres. O mundo vive aqui! No curso de inglês tivemos oportunidade de estabelecer amizade com espanhóis, italianos, gregos, búlgaros, alemãs, turcos e lá vai o trem. Contudo, além das nacionalidades das potências europeias conheci culturas e países nunca antes pensados. Uma amiga do Turcomenistão, outra do Azerbaijão, Romênia, China, Taiwan, Marrocos, Bangladeshe, Polônia. Pude conhecer melhor diferentes religiões e ter uma aula de humanidade e de conhecimento de mundo.

Além de tudo ainda ter a possibilidade de conviver com o inglês. Como já postei em textos anteriores é amável e politizado. Muito diferente das nossas opiniões pré-concebidas e estereotipadas do que são os nórdicos. Ontem, meu flat mater , o Craig, nos proporcionou um típico jantar britânico. Um super steak, com roast potatoes e salada, claro a imersão da cultura não fica apenas em tirar fotos dos pontos turísticos e ver a diversidade de tribos urbanas da localidade. O que vale é a experiência, os sabores, as texturas, a música, a gastronomia, os hábitos locais.

Querer conhecer uma cultura é despir-se de seus velhos costumes, de seus gostos por hábito, de suas pré-concepções. É mergulhar fundo na experiência e aproveitar o máximo que você tirar daquelas sensações e guardar no coração e na alma. Conhecemos no último fim de semana Liverpool e Manchester. Duas cidades super próximas, complemente diferentes em costumes, arquitetura e ritmo de vida. Liverpool respira Beatles e a paixão pela música. Manchester pelo futebol e pelo comércio. Mas, em ambas reforçamos a nossa nova paixão, o povo britânico. A Inglaterra é sem dúvida uma colcha de retalho cultural que ainda tenho muito que explorar para conceber a minha própria colcha de recordações.