
Meus pais sempre me afirmaram que fui um bebê muito planejado e desejado. Não discuto isso, até por que não poderia ter nascido em melhor família. Apenas alguns meses depois do meu nascimento, vêm uma notícia arrebatadora, outra vez grávida! Sim, mainha não perdeu tempo.
Era um dia outubrino, um calor danado e ela chegou. E como sempre causando furor, os pais morenos com cabelos negros, e ela uma bonequinha de porcelana. Gordinha, bochecha rosada e bem, bem loirinha, não se via nem a sobrancelha. O nome foi dado em homenagem a uma aluna da nossa mãe. Segundo mainha sempre pedi um irmãozinho.
Na infância éramos inseparáveis todos diziam que era "lindo de viver", se desse algo para uma já vinha logo a pergunta : cadê o da minha irmã? Claro com exceção as tentativas de cega-la quando era bebê ( adorava enfiar o dedo no olhinho dela). Não era raro arrumarmos briga por que alguém fez mal a outra.
Sempre fomos diferentes fisicamente e psicologicamente. Veio a adolêscencia, eita época difícil, nos separamos, seguimos caminhos paralelos, mas sempre de olho se estava tudo bem, não poderíamos dizer que éramos propriamente amigas, mas sim irmãs. Continuávamos nos importando, mas cada uma na sua rotina.
Na fase adulta começamos a encontrar algumas similaridades novamente, mas ainda no papel de irmãs. Até que o improvável aconteceu, uma real distância geográfica. Mudei-me para outro continente, e o menos esperado a distância física aproximou ainda mais os nossos corações . Ficou tão claro que uma das minha melhores amigas sempre esteve ali e nunca percebemos isto.
Hoje é tão difícil não estar mais perto e dividirmos o dia-a-dia, mas é tão confortante saber que os nossos corações são inseparáveis e que sempre estaremos uma pela outra. Infelizmente nem todos tem esse tipo de relação com os irmãos. Agora mais do que nunca sei que naquela manhã de Outubro ganhei um dos maiores tesouros que a vida poderia me oferecer. Uma companheira de estrada, uma amiga, uma irmã. Ela agora vem conhecer um pouco do meu novo mundo e eu estou morrendo de ansiedade para mostrá-la.